Unidade 1 História e nossas origens

Capítulo 1 Saber histórico

Atualmente, existem no Brasil seis grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa. A Amazônia é considerada um dos maiores biomas do mundo, ocupando áreas do território do Brasil, do Peru, da Colômbia, da Venezuela, da Bolívia, do Equador, do Suriname, da Guiana e da Guiana Francesa.

Estudaremos neste capítulo que alguns de nossos problemas ambientais, como o desmatamento, começaram há muito tempo, ainda no início da colonização da América.

Vista aérea do Parque Estadual da Serra do Mar, em Cubatão, São Paulo. Fotografia de 2021. O parque representa a maior porção contínua de Mata Atlântica preservada no Brasil

Durante o início da colonização, a maioria dos navios enviados ao Brasil era abastecida de enormes quantidades de pau-brasil. Depois, os carregamentos dessa madeira eram levados a Portugal e, de lá, partiam para Amsterdã (na atual Holanda), onde se extraía dela um corante avermelhado (brasilina), utilizado para tingir tecidos.

Graças a seu valor econômico, não demorou para que o governo de Portugal decretasse que a exploração do pau-brasil era monopólio da Coroa. Com isso, ninguém poderia extrair essas árvores sem permissão do governo e sem pagar impostos. Mas o monopólio do pau-brasil não foi totalmente respeitado. Comerciantes ingleses, espanhóis, franceses e mesmo portugueses contrabandeavam a madeira.

A primeira concessão da Coroa para a exploração do pau-brasil foi dada ao comerciante português Fernão de Noronha (c.1470-1540), em 1501. Seus navios foram os primeiros a chegar à ilha que mais tarde recebeu seu nome. Posteriormente, a partir de 1513, o governo autorizou que seus súditos fizessem a livre exploração de pau-brasil desde que fossem pagos os tributos à Coroa portuguesa.

Vista do Porto de Santo Antônio, em Fernando de Noronha, Brasil. Fotografia de 2019. A primeira concessão para explorar o pau-brasil foi obtida por Fernão (ou Fernando) de Noronha. Atualmente, o arquipélago que recebeu seu nome faz parte do estado de Pernambuco.

Árvore símbolo

Glossário

Feitoria:
Local ao longo da costa que foi construído para armazenar produtos e defender o território.
Pau-brasil:
Árvore de até 30 metros que outrora habitava o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, e hoje em dia é bastante rara.
Árvore pau-brasil no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2016. O pau-brasil era abundante no litoral entre os atuais estados do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro. A altura média dessa árvore é de 8 a 12 metros.

No início da colonização, havia grandes quantidades de pau-brasil nas regiões de Mata Atlântica, próximas do litoral. No entanto, devido ao caráter predatório da exploração, o pau-brasil começou a desaparecer

A exploração dessa madeira marcou a história do Brasil até mesmo no aspecto simbólico. Em tupi, a árvore é chamada de ibirapitanga, que significa “madeira vermelha” e, em português, é chamada de pau-brasil, expressão que deriva de “brasa”, pois a cor avermelhada da madeira lembrava o fogo. O nome dado à árvore deu origem ao nome de nosso país.

Durante o período colonial, a Coroa portuguesa passou a regulamentar a derrubada do pau-brasil, com o objetivo de impedir o contrabando de sua madeira por espanhóis, franceses e ingleses. Essa regulamentação deu origem à expressão “madeira de lei”, pois sua exploração dependia de autorização legal do governo de Portugal.

Posteriormente, na segunda metade do século XX, algumas medidas foram tomadas para preservar essa espécie vegetal, e o pau-brasil passou a ser considerado um dos símbolos do país. No entanto, o pau-brasil está, desde 1992, na lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção.

Trabalho indígena

Para extrair tanta madeira, os europeus precisavam do trabalho dos indígenas. Eram os nativos que localizavam o pau-brasil, derrubavam as árvores, cortavam as toras e carregavam as madeiras até os navios ou feitorias .

Calcula-se que, em 1500, a Mata Atlântica era uma floresta densa que abrangia cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Atualmente, restam aproximadamente 12,4% da floresta original e muitos animais e plantas que vivem nela estão ameaçados de extinção

Fonte: Fundação sos mata Atlântica. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: período 2019/2020. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2021. p. 71.

Apesar disso, a Mata Atlântica ainda tem uma das mais ricas biodiversidades do mundo, cuja preservação depende da conscientização ambiental de pessoas, comunidades, empresas e governos.

A seguir, observe no mapa as extensões original e remanescente da Mata Atlântica1.

  1. Árvore de até 30m que outrora habitava o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, e hoje em dia é bastante rara, com casca tanífera, madeira de cerne vermelho e tinta da mesma cor.